Na favela a bala é de aço
Corta a pele e desfaz o laço
Dos caras pintadas de sangue
Protestando o fim do cangaço
Vou pra rua e calço o sapato
Que é pra nunca pisar no asfalto
Quente como o coração
Dos 200 milhões da nação
Os poemas que eu te fiz
Provavelmente sendo censurados
Por algum lunático
Em uma sala escura do senado
Sensação de estar nadando
Em um mar de desajustados
Todos preocupados com a morte
Sem ligar pra quem tá do lado
Eles nunca vão ser prefeitos
Eles nunca vão governar
Ai meu Deus que bom seria
Se eles pudessem cantar
Que os muros que eu risquei
Provavelmente estão sendo pintados
Por algum lunático
Na rua escura do mercado
E os poemas que eu te fiz
Provavelmente sendo visitados
Por algum lunático na rua escura do mercado